Revista francesa analisa "epidemia" mundial de autismo
Por RFI Publicado em 15-10-2016 Modificado em 14-10-2016 em 16:20
Revista francesa analisa "epidemia" mundial de autismo Criancas autistas
sao estimuladas em escola especializada de Paris. AFP PHOTO FRANCK FIFE
Questionar se uma pessoa mais calada e centrada no seu proprio mundo "nao
e autista" se tornou banal nos ultimos anos. O comentario frequente e resultado da popularizacao dos estudos sobre a doenca neurologica que
afeta as relacoes sociais. A revista francesa L'Obs desta semana
investiga o que ha de verdadeiro nesta suposta "epidemia" de autismo no
mundo.
O texto observa que os Estados Unidos sao o unico pais que tem
estatisticas detalhadas sobre a doenca e o que mais investe em pesquisas.
Os dados citados pela reportagem sao de arrepiar: 68 em cada 100
criancas nascidas no pais sao autistas - contra 1 em cada 100 apenas 25
anos atras. Nos anos 1970, era um caso para cada 5 mil nascimentos.
Isso significa que ha cada vez mais pessoas atingidas pelo mal? Nao necessariamente, explica L'Obs. Como tantas outras doencas, o autismo
hoje e mais investigado e, portanto, mais diagnosticado.
Para comecar, afirma a revista francesa, o autismo de hoje "nao e mais o
mesmo de 1943", quando a doenca foi identificada. Naquela epoca, as
criancas que apresentavam comportamentos repetitivos, avessas ao contato
com outras pessoas, a mudancas na rotina e com uma extrema dificuldade de comunicacao eram consideradas autistas.
Os anos 1980 marcaram "uma verdadeira revolucao" no estudo da doenca,
explica a publicacao. O conceito de autismo foi expandido e, com ele, as estatisticas de criancas portadoras.
Um dado citado na reportagem chama a atencao: a ocorrencia de autismo
reflete as desigualdades raciais da sociedade. Criancas brancas e de
classe media parecem ser mais atingidas do que as negras e pobres.
Porem, conforme os especialistas, isso ocorre apenas porque a primeira categoria tem um acesso maior a informacao e recursos financeiros para diagnosticar e tratar os seus filhos.
Gravidez tardia e poluicao: fatores de risco de autismo
Mas a revista tambem mostra que, para alguns cientistas, o simples
aumento do conhecimento do assunto nao explica tudo. Gravidezes tardias,
hoje comuns, sao um fator de risco maior de incidencia da doenca. A
semanal destaca que a exposicao a poluicao aguda, como agrotoxicos, ou
ate produtos do cotidiano, como os de limpeza, tambem aumenta as chances
de dar a luz uma crianca autista.
Os dados americanos citados no texto mostram que algumas regioes dos
Estados Unidos sao mais atingidas do que outras. Os meninos sao quatro
vezes mais portadores da doenca do que as meninas.
Ja na Franca, L'Obs destaca que, na terra da psicanalise, ainda ha muita resistencia em estabelecer um diagnostico genetico de uma crianca com disturbios que podem ser da doenca. Associacoes de pais franceses
denunciam que, sem um tratamento adequado, os autistas se desenvolver bem
menos do que o potencial.
http://br.rfi.fr/ciencias/20161015-revista-francesa-analisa-epidemia -mundial-de-autismo
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